segunda-feira, 29 de março de 2010

Deigo (Márcio)

No melhor estilo Liberdade de ser, esse escondido restaurante é só para quem conhece muito bem o bairro ou para quem leu esse post ano passado (meu caso). 

"Deigo" é a flor simbolo da província de Okinawa. É o único restaurante especializado em cúlinária utinanchu (de Okinawa), que conheço.
Um japonês pitoresco e interessante. Os preços são justos. Minha impressão é a de que o tempero é mais pesado que o usual nipônico, mas ainda assim equilibrado.
Não se encontra o mesmo conforto da comida no ambiente do restaurante. Uma espécie de bar rústico, sem ar condicionado (se não me falhe a memória). Bem quente nesses dias de verão, um pouco desagradável.

Ou seja, não é para qualquer um!

Ao que interessa:
De entrada, fui logo pedindo Gôya Champpuru (R$10,0 a porção pequena) -  Esse exótico e feio vegetal, mais conhecido como Nigauri, é peça chave na culinária utinanchu. Veio com ovo e lascas de bonito seco.
Estava esperando aquele "amargo punk" apontado pelo Bicho, mas felizmente estava mais para soft amargo (a garçonete me informou que essa versão do prato não é tão amarga quanto o tempura). É um prato perfeito para comer tomando cerveja.
 
- "Costelas Cozido c/misso" (R$ 28,0) (conforme escrito no cardápio) - Veio desmanchando. Deliciosa! Acompanhada de bastante cebolinha. O missô não chega a ser suave como a "beringela e carne de porco no missô" do Kidoyaraku, por outro lado, não chega a tomar conta do sabor da carne. Com uma porção de arroz, dá uma ótima refeição, com sustância de sobra.

- Costela com Soba (R$ 15,0) - Leigamente falando, tá mais para um Tyashu Lamem (de costela de porco) do que para Soba. Não tem sutilezas, mas é gostoso, seguindo também a linha da sustância.

Deigo
Pça. Almeida Júnior, 25, Liberdade
Tel: (11) 3207-0317

quinta-feira, 11 de março de 2010

Brasil a Gosto - RWSP (Márcio)

A chefe Ana Luiza Trajano, apesar de jovem, já é reconhecida, pela mídia especializada, como pesquisadora especialista em gastronomia brasileira. Não por acaso, o restaurante ganhou o prêmio da Veja de melhor Brasileiro em 2006 e 2007 e a chefe ganhou o de revelação, em 2007, pelo guia quatro rodas.
Em resumo, o almoço do cardápio do RW é uma ótima oportunidade para conhecer o restaurante gastando pouco. Ou talvez, foi uma ótima oportunidade, já  que o fim do evento está próximo e o restaurante já deve estar com as reservas cheias.
Para quem perdeu, a partir da semana que vem, nos almoços de terça à sexta, passarão a servir um menu, no mesmo estilo, por R$37,50.
Cozinha: Brasileira.
Preço normal: Entrada + Prato principal + Sobremesa = R$80 - 120.
Serviço: É atencioso, porém estavam um pouco atrapalhados. Provavelmente pela lotação causada pelo RW.
Ambiente: É espaçoso e muito agradável. A bonita decoração (fotos, cerâmicas, móveis, etc) evoca a diversidade cultural brasileira.
Destaque 1: O Pitéu, como é chamado o couvert do restaurante, é passagem obrigatória! Composto de uma cesta de mandiopã, outra cesta de chips de mandioca, mandioquinha e batata doce, biscoito de polvilho, deliciosos pães variados, coalhada caseira com pesto de cheiro verde e uma ótima combinação entre manteiga aviação, baru e alho. Tudo isso por módicos R$6,00 (no almoço).
Nota: 9

Almoço:
Queijo coalho na chapa, melaço e pesto de cheiro verde - Não achei que o pesto iria combinar tão bem com o queijo.
Salada de folhas verdes, molho de coalhada e minibiscoito de polvilho - É o que parece. Bem simples, nada demais.
Tilápia rosa grelhada, purê de mandioquinha e molho de cebola - Uma delícia! Pele crocante, peixe perfeito. Apenas o molho de cebola não contribuia com o prato, estava exagerado no sal.
Arroz cateto com feijão verde, palmito pupunha e banana grelhada - Ótimo prato. Com muitas texturas diferentes, sendo que nenhum ingrediente sobressaía demais. Os vegetarianos também estão bem servidos nesse restaurante. 
Bombocado com calda de limão - Uma calda de goibada acompanhava a boa sobremesa. Praticamente um quadro de arte.
Pudim de tapioca com calda de pitanga - Achei um pouco sem graça, quase não senti o gosto da calda de pitanga.  

Brasil a Gosto
Rua Prof. Azevedo do Amaral 70, Jardins (Travessa da rua Barão de Capanema)
http://www.brasilagosto.com.br/site/

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dois - RWSP (Márcio)

Tenho uma ótima lembrança do local onde hoje está instalado o restaurante Dois - Cozinha Contemporânea. Há cerca de 8 anos, havia um ótimo italiano nesse local, o Felici. Uma cozinha bem autoral, cujo cardápio era composto por, no máximo, 6 opções de massas e mais algumas de carnes (2 páginas ao todo). Lembro-me ter ficado encantado na primeira vez que fui, pena que durou tão pouco. Na 2a  visita o restaurante já estava fechado.

O Dois, é novo. E espero que não tenha o mesmo fim do finado Felici. Pelo menos não tão cedo. Inaugurado em 2008, tem no comando dois jovens chefes: Felipe Ribenboim e Gabriel Broide.
Conforme consta no site:
Felipe - Trabalhou na Espanha, nos restaurantes "elBulli", de Ferran Adria, e "Arzak", de Juan Mari Arzak. É estudioso da culinária Amazonense.
Gabriel - Já estagiou nos restaurantes Café Boulud e Daniel, em Nova York, e no D.O.M, com o chef Alex Atala. Trabalhou também no Emiliano, Laurent e Bistrô Jaú.

O RW é uma boa oportunidade para conhecer uma amostra do trabalho deles.

Cozinha: Brasileira com referências Judaicas
Preço normal: Entrada + Prato principal + Sobremesa = R$70 - 100.
Serviço: Discreto e correto, mas despreparado quando perguntado sobre informações dos pratos.
Destaque 1: Se estiver com fome, vale à pena aceitar o couvert, composto de bons pães, azeite, flor de sal, manteiga e uma ótima coalhada caseira.
Destaque 2: Um dos poucos restaurantes brasileiros que publicam o cardápio com preços no site.
Nota: 8

Jantar:

Gazpacho transparente -  Estava bom. Não costumo reclamar da quantidade do prato, mas dessa vez estranhei o tamanho da "porção" dessa entrada, que veio em uma xicará média de café, literalmente.
Salada de camarão com chips de batata doce, laranja e vinagrete de cítricos - Perfeita harmonia entre a acidez do molho, a gordura do chips e o camarão.
Galinhada com arroz de pequi - Uma coxa e uma sobrecoxa que desmanchavam na boca. O arroz, muito bem perfumado pelo Pequi, cujas características eu desconhecia completamente. No ótimo blog Come-se, há uma boa descrição do Pequi, aqui.
Espaguete com costela desfiada, farinha de pão de ervas e alho assado -  Estranhei a "farinha" de pão, que estava mais para croutons. O prato é simples e gostoso, não tão marcante como a galinhada.
  
Sagú de cupuaçu e creme de chocolate branco - Surpreendente! O sabor marcante do cupuaçu com um toque doce suave do chocolate. Não conheço as sobremesas do cardápio normal, mas não há motivos para não incluir esta.
Trio de doces brasileiros e fromage blanc - Não agradou muito. O trio era composto de doce de abóbora, goiabada e doce de leite. O papel do "fromage blanc" não ficou claro para mim. Pensei que seria um substituto do queijo minas, que cairia muito bem, mas o queijo, apesar de gostoso, era azedo e brigava muito com o trio.

Resumindo, com certeza voltarei ao restaurante para experimentar outros pratos do cardápio. A experiência me deixou curioso.

Dois Cozinha Contemporânea
Rua Antônio Bicudo 116, Pinheiros.

quarta-feira, 3 de março de 2010

La Vecchia Cucina (Márcio)

Para movimentar um pouco o marasmo que está o blog, segue um post fresquinho diretamente do La Vecchia Cucina, 1 dos 200 participantes do 6° Restaurant Week São Paulo, somente no jantar (R$39), neste caso .

É o principal restaurante do chef. Sergio Arno, proprietário da boa e regular franquia La Pasta Gialla e do restaurante Alimentari.
Essa foi apenas minha 2a visita. Sendo que a 1a visita, que ocorreu há uns 4 anos, não marcou muito na memória. O que não quer dizer muita coisa, pois ela anda mesmo meio capenga.
Enfim, ótima oportunidade de tirar conclusões mais precisas.

Cozinha: Italiana
Preço normal: Entrada + Prato principal + Sobremesa = R$80 - 150.
Serviço: 99% do tempo foi correto e discreto. Deslizou nos acréscimos do 2° tempo, ao entregar a conta sem termos solicitado - erro grave.
Ambiente: Discreto e aconchegante, com bom espaço entre as mesas.
Destaque1: Você come 2 pratos principais! Tá certo eles são em porções menores. Mas é um cardápio que possibilita conhecermos melhor o restaurante.
Destaque2: O simples couvert que custa R$ 15 por pessoa não vale muito a pena. É formado por pães, 2 opções de patês, manteiga e canapés de cebola com maionese.  
Nota: 7

Comida:
- Trio de Ceviches - Uma taça ceviche de Robalo, Camarão e Polvo. Veio bem à caráter, com cebola roxa, coentro, batata doce e limão. Estava boa, com o trio bem fresco e saboroso. Só não gostei da maneira que foi servida, o caldo fica todo no fundo da taça e deixa toda a parte de cima um pouco seca.

 - Tagliolini com ragu de ossobuco - Melhor prato da noite! Massa deliciosa, fresca, bem fina e estreita. Molho suave com um fundo de uma boa manteiga.
A outra opção de 1° prato era trocar o ossobuco pelo peixe.

- Entrecôte ao molho curry com purê de banana da terra. Um pouco decepcionante. A carne estava ao ponto e suculenta, mas o molho e o purê de banana vieram doces demais. Não houve equilíbrio entre os ingredientes. 
Há a mesma opção de trocar a carne por peixe, no caso robalo ou salmão. Experimentei um pedaço do prato com o robalo, que passou um pouco do ponto de cozimento e estava muito salgado. Ou seja, não havia muita saída nesse caso.

Panacotta com calda de gengibre - Além da calda de gengibre, havia uma calda de fruta(s) vermelha(s) e raspas de limão.
Confesso que não tenho base de comparação, mas prefiro uma versão da panacotta bem mais suave contrastando com uma calda mais azeda, tipo a do Zena Caffè.
La Vecchia Cucina
Rua Pedroso Alvarenga, 1088 - Itaim Bibi - São Paulo